Se você conseguir ler este texto até o final, poderá saber se você é uma pessoa com déficit de atenção e hiperatividade, e também saberá como identificar a melhor estratégia para se sabotar ou utilizar seus recursos para ter uma vida mais produtiva.

Alguns especialistas acreditam que o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) afete algo em torno de 3% a 5% das crianças.

Pesquisas recentes também apontam que cerca de 4,4% da população adulta têm TDAH como quadro completo de sintomas.

Mas, antes de enxergarmos o TDAH como um cruel inimigo, é importante ressaltar que há milhares de anos A.C., diante dos desafios nas florestas e na tentativa de evitar ser devorado por um predador, levava vantagem quem tinha uma curiosa habilidade TDAH, que é o hiperfoco.

O hiperfoco é uma incrível capacidade de superconcentração e que é uma das características presentes em muitas mentes desatentas.

Estudos apontam que 80% das pessoas com TDAH são herdeiros genéticos do transtorno.

Muitas vezes, você se aproxima de uma pessoa que está digitando no celular. Você fala, fala, mas aquela pessoinha não para de digitar e ainda dá um sorrisinho de canto, e não olha para você, como se você nem existisse.

Você logo se ofende ou até se irrita, principalmente se esse tipo de atitude é uma rotina daquela pessoa. A pessoa está tão focada que nem te ouve e talvez nem perceba que você exista mesmo, ao menos naquele momento. Ela está hiperfocada, e é o mesmo que acontece quando se assiste a um filme, lê um livro, digita no computador em total estado de flow.

E mesmo que haja ruídos, gente falando, a pessoa parece estar em outra dimensão, vivenciando intensamente somente o que está fazendo naquele momento.

Segundo o blogueiro Neil Petersen, que tem TDAH e escreve sobre o transtorno no tradicional site Psych Central, há quatro perfis de pessoas com TDAH, cada um deles definido por uma das quatro estratégias.

Talvez você se identifique ou se lembre de pessoas com algum desses tipos:

  1. O perfeccionista– são pessoas que tentam compensar o TDAH com uma obsessão por planejar tudo nos mínimos detalhes. Chegam meia hora adiantados para não se atrasarem, fazem listas detalhadas de tarefas, criam métodos minuciosos para tudo. São pessoas que sofrem com cada tarefa no trabalho, porque vivem com medo de perder o controle.
  1. O improvisador– essas pessoas usam uma estratégia praticamente oposta à do perfeccionista: são as pessoas que simplesmente aceitam o caos em suas vidas.  Diante da enorme dificuldade de planejar as coisas, elas simplesmente não planejam nada e, como diria Zeca Pagodinho, “deixa a vida me levar…”.
  1. O minimalista– algumas pessoas que têm TDAH sabem que tentar organizar as coisas é um pesadelo. Por isso, uma estratégia comum para lidar com o problema é simplificar a vida ao máximo. Pessoas desse perfil fazem de tudo para ter o mínimo possível de posses, para que não haja muito o que organizar.
  1. O viciado em adrenalina– pessoas com esse perfil muitas vezes percebem que o transtorno fica pior quando elas estão em ambientes pouco desafiadores. Diante da falta de estímulo, a distração toma conta e fica muito difícil fazer qualquer coisa. Por causa disso, alguns começam a buscar estímulos fortes, pois, afinal, nesses casos a adrenalina ajuda a focar, por isso esse perfil costuma procurar atividades profissionais e de lazer de alto risco.

Petersen relata que nem todas as pessoas com TDAH se encaixam exatamente em apenas um desses quatro perfis.

Algumas pessoas usam duas ou até todas dessas estratégias e são mais difícil de se encaixar.

Como em todas as áreas da vida, é importante se observar sempre os aspectos de dominância, para que se possa avaliar a estratégia predominante.

Voltando ao hiperfoco, tanto crianças como adultos com TDAH têm capacidade de ficar horas focados em uma mesma coisa.

Então dizer que uma pessoa hiperativa é inquieta, atrapalhada ou distraída é uma maneira simplista e cruel de tachar um comportamento.

É verdade que o déficit de atenção e a hiperatividade atrapalham a concentração em algo pontual, mas isso pode ser compensado com a estratégia certa.

Por isso é preciso se observar qual é o perfil em que a pessoa com TDAH se encaixa, se for possível identificar, e incentivar essa pessoa a realizar tarefas que ela realmente tenha interesse.

Pessoas com TDAH têm uma deficiência químico-cerebral, e essa circunstância é compensada quando desenvolvem atividades prazerosas, estimulantes e cheias de novidades.

A atenção poderá ser surpreendente se a tarefa for estimulante e a pessoa realmente desejar realizá-la.

Identificar as características do perfil de uma pessoa com TDAH é um grande passo para que essa pessoa possa evitar os prejuízos sociais, financeiros e psicológicos que o transtorno pode proporcionar.

Por isso, recomendo que um terapeuta capacitado seja consultado para uma avaliação mais minuciosa.

Estar consciente sobre os sintomas presentes do TDAH ajudará a ter uma vida funcional mais clara sobre o que fazer e qual estratégia utilizar para evitar prejuízos, como: relacionamentos conflitantes, falar demais ou falar na hora errada, cometer erros por distração, dificuldade em seguir regras, não cumprir prazos, dificuldades em priorizar, esquecer o que foi planejado ou combinado com a equipe, procrastinar tarefas importantes ou ficar muito tempo insistindo com algo que não é produtivo.

Algumas técnicas e ferramentas que criei no método Coaching Zen têm ajudado muitas pessoas com TDAH a perceberem suas características e habilidades, aprendendo como utilizar o melhor de si, para obter maior motivação e tornar a vida mais produtiva.

Pessoas que despertam para seu autoconhecimento têm um poder de capacidade muito mais ampliado para desenvolver sua autoliderança e autogestão.

Muitas pessoas com TDAH conseguem ter uma vida altamente produtiva e é fácil identificar esse perfil.

São pessoas que encontram satisfação no que fazem e degustam dos seus resultados com incrível sensação de recompensa e reconhecimento.

São focadas e conseguem se organizar numa vida bem desenvolvida, cultivando relacionamentos alegres e com grande capacidade de empatia.

Conseguem começar e terminar um curso universitário, desenvolvem carreiras e casamentos sólidos, têm filhos e qualidade financeira estável.

São adultos que conseguiram despertar para suas melhores estratégias, e aprenderam a compensar os efeitos negativos do transtorno e torná-los em resultados positivos.

Agora, saber se você se enquadra com TDAH ou não, depende somente de você e, se sim, qual a estratégia que irá utilizar para não ter que viver sem foco.

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